Muitas das pessoas que já sofreram de pânico dizem que não desejam uma crise nem para o pior inimigo. Bem, eu já sofri e dizer que não desejo essa doença nem para o meu pior inimigo não é bem verdade. Isso porque eu não tenho inimigos (ao menos não considero ninguém meu inimigo), mas pra algumas pessoas que eu não conheço mas mesmo abomino eu desejaria sim, não uma, mas várias crises de pânico, pois quem sabe essas pessoas passariam a viver espontaneamente em prisão domiciliar.
Bom, mas não foi bem essa questão que motivou esse post. Eu pretendia escrever um pouco sobre a síndrome do pânico, mal do qual sofri há uns 5 anos. Foram 2 ou 3 crises, uma no escritório e acho que mais 2 no trânsito em São Paulo. Felizmente fui diagnosticada rapidamente e tratada, tendo me livrado sozinha dos remédios.
Depois dessas crises, passei um tempo sem dirigir, fui morar perto do escritório e passei a dedicar mais tempo às coisas que gosto. E a partir daí muita coisa boa, mas muita coisa boa mesmo, aconteceu na minha vida. Eu achava que estava livre do pânico, mas ultimamente tenho percebido que não me livrei dele não. Aliás, o pânico me deixou mais marcada do que eu poderia supor, pelo menos conscientemente.
Basta um episódio para desencadeá-lo e após algumas semanas de um episódio que (creio eu) fez com que ele voltasse, eu me vi, hoje, querendo fugir desesperadamente do supermercado, por causa de filas imensas e de um ambiente cheio de gente. A boca começou a secar, o coração a disparar e o medo de eu dar algum vexame disparou meus mecanismos de defesa que simplesmente me ordenaram: fuja!
Mais tarde, algumas poucas horas atrás, os gritos de motoristas discutindo na rua, acumulados a buzinas e derrapagens de pneus, tudo isso ouvido da minha sala no escritório, fizeram com que eu quisesse simplesmente fugir. Toda essa gritaria e esses barulhos foram simplesmente insuportáveis. Mais uma vez: fuja, Luciana, fuja!
Há algum tempo também não saio mais tranqüila de casa, principalmente se for para andar de carro por São Paulo. Aqui, para mim, o perigo está em cada esquina, e enquanto não chego a meu destino meus músculos permanecem enrijecidos. O mesmo acontece enquanto estou em casa esperando o meu marido chegar. A mente bloqueia qualquer pensamento bom enquanto ele não chega são e salvo. Mas não é só o medo da violência, eu estou descobrindo, mas sim o pânico, pois junto com a preocupação há a salivação, a inquietação, uma leve taquicardia.
Parece que ele está voltando e isso gera a agorafobia, pois não se sabe quando uma crise por ocorrer. Preciso fugir. Fugir para bem longe, mas do pânico.
segunda-feira, 6 de abril de 2009
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