segunda-feira, 5 de maio de 2008

Turista na minha própria cidade

Mudar para perto do escritório e abandonar o carro foi uma das mais felizes decisões da minha vida até agora.

Deixar para trás aquele congestionamento diário que me fazia levar duas horas para chegar ao trabalho não tem preço meeeeeeesmo.

Há, porém, uma outra vantagem: a descoberta da minha cidade.

Eu, que sempre gostei de caminhar pelas cidades que visitei, dificilmente caminhava por São Paulo além do bairro em que morava. Agora, sem o carro, tenho me virado de táxi, mas muito também de metrô e a pé. E essa opção tem me levado a conhecer pessoas, lugares, cheiros, barulhos e cores.

Estou vendo São Paulo sem o vidro do carro na minha frente.

Estou respirando o ar de São Paulo, por mais poluído que seja, e não mais o ar condicionado.

Tenho ouvido o som das ruas e não do rádio.

Tenho falado com os jornaleiros, seguranças, policiais, pedestres e passageiros do metrô.

Enfim, estou sentindo São Paulo e sua gente.

Hoje, por exemplo, resolvi ir a pé do Fórum João Mendes para a Escola Paulista de Direito, na Avenida Liberdade. Descobri uma igreja lotada de gente acendendo velas que não acabavam mais. A imagem era linda. Pena que eu estava sem a câmera, mas fiquei ali um tempo, fitando aquela imagem tão inesperada.

No caminho, conversei com vários jornaleiros.

Resolvi tomar um lanche numa padaria japonesa, bem no miolo da Liberdade. Entrei nos mercadinhos com prateleiras lotadas de produtos que eu nunca havia visto, onde a língua oficial é o japonês, o chinês ou o coreano, sei lá. Só sei que um japonês explicava que uma das massas vendidas parecia "pan firito". Eu estava, definitivamente, em outro país. Até a luz do entardecer parecia diferente.

Um quarteirão a mais e eu já havia voltado para o Brasil. Mulheres vestidas de baianas vendiam acarajé e ensinavam trabalhos para o público pagante. Tinha pipoca, pinga, canjica e outras oferendas pro "santo".

Se estivesse de carro, eu teria levado o triplo do tempo, não teria comido o pão no vapor chinês nem o doce de feijão e teria chegado à aula extremamente irritada. A pé, cheguei calma e feliz com as descobertas.

domingo, 4 de maio de 2008

Como me definir pelos livros na cabeceira?

- 1968: o ano que não terminou, Zuenir Ventura
- Persuasão, Jane Austen
- Previsivelmente irracional, Dan Ariely
- Para ler como um escritor, F. Prose
- Variedades da experiência científica, Carl Sagan
- Fazes-me falta, Inês Pedrosa
- As Américas e a civilização, Darcy Ribeiro
- 50 contos de Machado de Assis
- Constituição Federal

???????????????

O que será de nós?

A conversa era entre eu e uma senhora, mãe de quatro filhos. Estávamos falando sobre nossa opção em pagar mais caro por frutas e verduras cultivadas sem agrotóxicos e por carnes de animais que não sofreram para nos alimentar.

Eu, por exemplo, tinha comprado uma dúzia de ovos no supermercado e pagado quase o dobro do preço porque as galinhas dessa granja, de acordo com a informação da caixa (na qual acreditei), são criadas fora de gaiolas.

Quando descobri algumas das crueldades que fazem com os animais, para que possamos comer, passei a rejeitar alguns alimentos. Por exemplo, há anos não como baby beef. Sei que carne nos faz bem e eu até gosto de comer um bom bife (passo muito bem sem a carne vermelha), mas um boizinho não precisa crescer confinado entre quatro paredes, sem qualquer espaço para se locomover, apenas para que possamos comer uma carne macia. Também parei de comer patê de fígado de ganso, que eu tanto gosto.

Enfim, esse era o assunto com a tal senhora.

Foi então que um dos filhos, com mais ou menos 12 anos, achou que não valia a pena pagar mais caro por um produto, se temos tantos outros à disposição.

Nosso entendimento, meu e da mãe, era de que, se cada vez mais pessoas se preocupassem com a qualidade dos alimentos e comprassem mais produtos orgânicos, sem agrotóxicos etc, o preço iria cair.

Foi aí que o marido da senhora, pai de quatro filhos, sempre muito brincalhão e com uma piada na ponta da língua, disse:

- Claro, em 2032 os preços cairão! E vocês aí pagando mais caro.

Como ele fez mais uma piada a meu respeito, numa tentativa de dizer que eu era burra, resolvi não dar bola.

Mas fiquei pensando: em 2032, esse senhor será idoso, seus filhos serão adultos e os netos que ele provavelmente terá serão adolescentes. E pelo visto ele está se lixando pra tudo isso. E não faz diferença se for 2032, 2045, 2234...o que importa sou eu agora.

Como num outro dia, em que pedi para um amigo controlar o uso da água, e ouvi como resposta: que se virem com Coca-Cola!

Nunca me achei dona da natureza, mas sim parte dela. Creio que a natureza não está nem aí para nós. Assim como dinossauros sumiram do planeta, o mesmo acontecerá conosco. De qualquer forma, tento fazer minha pequenina parte para contribuir com o lugar em que vivo, hoje e amanhã, estando eu aqui ou não.

Mas, pelo jeito, não faço parte de uma maioria.

sábado, 3 de maio de 2008

Meu reino por...

Estava lendo um texto do Ney Matogrosso na Piauí de maio 2008, e ele menciona que, das coisas criadas pelo Homem, talvez só sentisse falta do banho quente.

Banho quente com toda certeza eu sentiria MUITA falta. A maioria das pessoas que eu conheço gosta de cochilar, ou só dar uma deitadinha para descansar. Eu gosto do banho quente. É com o banho quente que reponho as energias. E de banheira, então? Meia-luz, um livro nas mãos e saio da banheira como uma senhora de 100 anos.

Do que mais eu sentiria falta? Mas falta mesmo???

Estava aqui pensando, mas meu marido vai levar os cães passear na USP e eu vou junto! Depois volto a pensar no assunto...