domingo, 4 de maio de 2008

O que será de nós?

A conversa era entre eu e uma senhora, mãe de quatro filhos. Estávamos falando sobre nossa opção em pagar mais caro por frutas e verduras cultivadas sem agrotóxicos e por carnes de animais que não sofreram para nos alimentar.

Eu, por exemplo, tinha comprado uma dúzia de ovos no supermercado e pagado quase o dobro do preço porque as galinhas dessa granja, de acordo com a informação da caixa (na qual acreditei), são criadas fora de gaiolas.

Quando descobri algumas das crueldades que fazem com os animais, para que possamos comer, passei a rejeitar alguns alimentos. Por exemplo, há anos não como baby beef. Sei que carne nos faz bem e eu até gosto de comer um bom bife (passo muito bem sem a carne vermelha), mas um boizinho não precisa crescer confinado entre quatro paredes, sem qualquer espaço para se locomover, apenas para que possamos comer uma carne macia. Também parei de comer patê de fígado de ganso, que eu tanto gosto.

Enfim, esse era o assunto com a tal senhora.

Foi então que um dos filhos, com mais ou menos 12 anos, achou que não valia a pena pagar mais caro por um produto, se temos tantos outros à disposição.

Nosso entendimento, meu e da mãe, era de que, se cada vez mais pessoas se preocupassem com a qualidade dos alimentos e comprassem mais produtos orgânicos, sem agrotóxicos etc, o preço iria cair.

Foi aí que o marido da senhora, pai de quatro filhos, sempre muito brincalhão e com uma piada na ponta da língua, disse:

- Claro, em 2032 os preços cairão! E vocês aí pagando mais caro.

Como ele fez mais uma piada a meu respeito, numa tentativa de dizer que eu era burra, resolvi não dar bola.

Mas fiquei pensando: em 2032, esse senhor será idoso, seus filhos serão adultos e os netos que ele provavelmente terá serão adolescentes. E pelo visto ele está se lixando pra tudo isso. E não faz diferença se for 2032, 2045, 2234...o que importa sou eu agora.

Como num outro dia, em que pedi para um amigo controlar o uso da água, e ouvi como resposta: que se virem com Coca-Cola!

Nunca me achei dona da natureza, mas sim parte dela. Creio que a natureza não está nem aí para nós. Assim como dinossauros sumiram do planeta, o mesmo acontecerá conosco. De qualquer forma, tento fazer minha pequenina parte para contribuir com o lugar em que vivo, hoje e amanhã, estando eu aqui ou não.

Mas, pelo jeito, não faço parte de uma maioria.

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