quarta-feira, 26 de setembro de 2007

O ano em que meus pais me largaram

"O ano em que meus pais saíram de férias" será o candidato brasileiro ao Oscar. Tá bom, nem curto mais o Oscar como curtia no passado mesmo.

Mas o que não me convenceu nesse filme foi o seguinte: os pais saíram sei lá de onde pra deixar o filho com o avô em São Paulo, no Bom Retiro. Tudo bem que eles estavam fugindo, estávamos em plena ditadura etc, mas pô, chegaram na porta do prédio e largaram o menino lá, na porta? Que diferença faria subir a escada e deixar a criança nas mãos do avô? Subisse só o pai ou só a mãe, rapidinho. Não seria pior do que a estrada.

Eu sei que se isso acontecesse não haveria enredo, mas inventa outra coisa, faz de outro jeito. Sei lá, não gostei.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Caso Madeleine

Sou só eu ou mais alguém também tem medo das fotos da Madeleine que aparecem na Internet? Essa última agora, da possível garotinha nas costas de uma mulher no Marrocos é de dar muito medo!

Talvez seja o medo da situação, de imaginar uma criança qualquer sumida no mundo...

PS: a campainha parou. Será esse o poder do Dalai Lama? Que meeeedo....

A arte de lidar com a raiva

Acabei de passar por esse livro do Dalai Lama aqui em casa. Comprei numa dessas tentativas desesperadas de lidar com esse sentimento tão presente na minha pessoinha (não literalmente, considerando meus 1,78 m).

Nem li pra saber se ajuda ou não, mas eu duvido que ele consiga me fazer lidar com a raiva que eu tô sentindo no momento de uma campainha que tá tocando em algum lugar aqui perto a cada 2 minutos. Parece também um toque de telefone antigo, sei lá. Seja o que for, telefone ou campainha, quem tá tocando não percebeu que não tem ninguém na residência??? Ah, assim nem Jó!

Talvez seja um bom momento pra ler o livro do Dalai Lama.

domingo, 23 de setembro de 2007

A biblioteca

Ontem, depois de uma semana na casa nova, resolvi arrumar a biblioteca. Por ser a minha parte preferida, comecei animada: abrir as mais de 40 caixas com livros, redescobrir títulos, autores e edições, folhear um pouco aqui, ler um trecho ali...sabia que ia curtir o trabalho nessa parte da casa.

Como tento manter um certo critério, resolvo primeiro abrir todas as caixas pra ver o que continham. Muitos livros foram embora, principalmente os jurídicos. Outros vão pro escritório, mais pra liberar o espaço em casa mesmo. Enfim, foram horas abrindo caixas e vendo os livros que vão e os que ficam. Ao final, estou com os livros espalhados por todo o chão. Não há onde pisar.

Decido preencher as estantes (alugamos a casa de uma amiga que tinha também muitos livros e as estantes ficaram todas) e começo a usar algum critério: literatura estrangeira, literatura brasileira, relatos de viagens, biografias, poesia etc etc etc. Redescubro vários livros da época da faculdade de Rádio e TV. Livros que eu li, pois estão grifados e comentados, como faço com todos que leio até hoje.

Nas páginas de Olga encontro uma carta da Vanessa, uma grande amiga, soulmate mesmo, que faleceu em 1998. A carta é de 1994 e como não tínhamos email trocávamos cartas com relatos dos finais de semana!

Selecionadas as áreas, decido colocar os autores por ordem alfabética, mas em literatura brasileira, por exemplo, não consegui separar o Jorge Amado da Zélia Gattai. Tudo bem que eu acho que a Zélia Gattai não faz literatura, mas já que tenho e li alguns dos livros de memória dela, coloco-os na estante. E ao lado do Jorge. Quem sou eu para separá-los...

O mesmo aconteceu com Sartre e Simone de Beauvoir.

Na parte de política e ciências sociais misturei Serra com FHC e Ciro Gomes (nas eleições de 2002 eu estava decidida a ler um pouco sobre cada candidato) pra ver se eles se entendem.

Em biografias, quando o cansaço já tinha mandado o critério pra longe, joguei toda a galera lá, mas depois vi que alguns ficariam tristes com os vizinhos que eu lhes tinha arranjado. Então deixei Stalin com o Mao, por exemplo, pois eles devem se entender e Olga com as cartas do Prestes, claro.

Quando cheguei em poesia, não achei meus livros do Fernando Pessoa e Manuel Bandeira. Paniquei...

Em Literatura Estrangeira, sumiço da trilogia do Nagib Mahfuz, os livros da lista dos meus preferidos. Mais pânico.

Bom, só sei que ontem não tinha forças pra terminar o trabalho e hoje, na volta de Sorocaba (fui ver meus bichos que estão na casa da vó enquanto colocamos a casa em ordem) resolvi continuar. Descobri mais caixas com livros que me farão mudar muita coisa que achava estar terminada ontem. Ai, que preguiça!

Achei Fernando Pessoa e Manuel Bandeira, mas cadê a trilogia do Nagib Mahfuz???

Acabei de me tocar que muitos do Rubem Alves também não estão aqui. Esses eu nem me importo tanto, mas devo ter mais caixas ainda. Bom, o que eu mais quero mesmo é achar a trilogia, pois o segundo deles eu rodei os sebos de São Paulo para encontrar.

São Longuinho, São Longuinho...

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Minha amiga Clarita

Nos conhecemos na faculdade de Rádio e TV e talvez ela tenha gostado de mim porque eu ouvi Nick Cave e disse que gostei. Daí vieram o estágio na TV Cultura, as caronas, os papos e as risadas. Há pouco tempo nos "reencontramos" por causa dos blogs. Fiquei bem feliz com o "reencontro".

E Clarita virou minha leitora mais assídua (pobre Clarita!). Então, em resposta à sua pergunta, esclareço que o blog não entrou em greve, não. É que há uma semana mudei de casa e não tinha idéia de que uma mudança pudesse realmente mexer tanto na minha vida.

Além de parecer que o caminhão me atropelou, descobri que:

a) tenho coisas demais guardadas por tempo demais;

b) tenho livro pra caramba;

c) consigo me desfazer dos livros ruins, mas amo cada vez mais os livros bons;

d) já estava acostumada com os barulhos e os cheiros da casa antiga;

e) mudar dá muuuuuuuuito trabalho;

f) trabalhar fora e arrumar casa nova são atividades incompatíveis;

g) morar perto do trabalho em São Paulo é quase estar no paraíso;

h) mudar, na verdade, tem tudo a ver comigo!

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Obscenidade

Semana passada tive uma aula na Casa do Saber (sim, ainda estou lá) com o Prof. João Adolfo Hansen, livre-docente em Literatura Brasileira pela USP, que por sinal é um fofo.

No fim da aula ele disse que hoje em dia a única coisa obscena no mundo é a morte. Disse ainda que querem nos fazer acreditar que só vai morrer quem fuma. E acendeu um cigarro logo em seguida.

Ontem um amigo nosso sofreu uma perda e eu mais uma vez me deparei com a força da vida na morte. Basta um segundo. E não há o que fazer quando ela chega. Inclusive meu marido me contou que perguntou para um dos motoristas do IML se ele não se sentia mal em carregar tantos mortes todos os dias, ao que ele respondeu: eu não faço nada além do que já está combinado. Você chegou sabendo que vai, mas não quer acreditar.

E o motorista ainda deu um recado para quem não queria andar com ele no carro (vivo, no banco do passageiro, claro): você pode até não querer sentar do meu lado agora, mas um dia vai deitar aí atrás.

É, a gente vive mesmo como se não fosse morrer. Hoje passei o dia pensando nisso e o mundo toma uma cor diferente, ainda que por poucos segundo.

sábado, 8 de setembro de 2007

The day after

Ontem, 7 de setembro e dia da abertura da Copa do Mundo de Rugby (sim, isso existe, é o terceiro maior evento esportivo da Terra e a nossa casa estava cheia de jogadores), resolvemos fazer um churrasco para os amigos, que começou às 3 da tarde e acabou às 3 da manhã. Eu me diverti pacas, mas o day after me fez passar por inúmeras sensações.

A primeira, claro, foi o cansaço de ver a casa de pernas pro ar e saber que hoje não tínhamos nossa ajudante. Estou até agora achando latinhas de cerveja vazias pela casa. Resolvi que iria arrumar tudo da melhor maneira possível e taquei uns fones de ouvido nas orelhas. Deu pra lavar, enxugar, guardar, arrumar, aspirar e esfregar tudo enquanto eu cantava e dançava.

Depois foi a hora de separar o lixo orgânico do reciclável. Reciclar o lixo me faz um bem danado. Fico contente vejo aquele lixo limpinho que irá se transformar em outra coisa, mas quando vi, hoje, sacos e mais sacos de lixo amontados juntos, fiquei com uma baita dor na consciência: como conseguimos juntar tanto lixo assim em apenas 12 horas? Eu sei que acumulamos lixo demais, que o planeta não tá agüentando etc etc etc, mas me assustei com a montanha na porta da minha casa!

Resolvi depois lavar o quintal, pois o lixo tinha escorrido, a gordura da carne também, enfim...estava bem nojento.

Muito raramente eu ligo a mangueira e fico lá espalhando água. Gosto tanto de água que faço o máximo possível pra preservá-la. Pelo menos a minha parte tento fazer, mas hoje dei uma desperdiçada. Estava descalça e comecei a sentir a água saindo da mangueira batendo nas pernas e nos pés e me lembrei de quando era criança e homem adulto não tinha consciência (acho eu) de que a água era um recurso finito, e portanto permitia que nós, crianças, ficássemos brincando com o esguicho, um jogando água no outro. Eita coisa boa, como eu adorava isso! Fiquei bastante saudosa e a sensação nos pés foi deliciosa, ainda que a cabeça pesasse um pouco.

Por fim, peguei o rodo para puxar a água e lembrei-me de quando fazia isso no quintal da casa da minha avó Cida. Nesse momento meu coração deu uma apertadinha. Saudade da minha vovó querida!

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Eu disse...

...lá no primeiro post que em breve mudaria as cores. Até que demorou. Mas pelo jeito esses tons de roxo e rosa não vão durar muito não...

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Ai, o rodízio

Acho que estou cansada. Ao invés de exercício li exército. E de estampas li pampas. E ainda parei pra pensar o que o exército e os pampas tinham a ver com um texto sobre expulsão de estrangeiros.

Enfim, está na hora de ir embora pra minha aulinha na Casa do Saber, mas tem esse rodízio que me faz ficar aqui até às 20h00 e chegar atrasada na aula. É que hoje não deu pra trocar o carro, paciência.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Tempus fugit mesmo

Setembro chegou! Agora pro Natal é um pulinho...

Traumas

Tenho dois grandes traumas na vida: briga de cachorros e os berros do meu pai. Hummm, acho que a morte prematura (no meu entendimento) também é outro grande trauma, mas deixa esse pra lá.

Mas só agora eu me dei conta do que um trauma é capaz de causar na alma humana. Assim:

Há dois anos moro numa casa com portas de vidro entre a sala e a varanda. Por causa dos cachorros, para que eles possam circular livremente pela casa que no fundo é deles, as portas de vidro estão sempre abertas. Sempre passei de um lado pro outro tranqüilamente (olhe bem para o trema antes que ele se vá), até que há uns dois meses eu não percebi que as portas estavam fechadas e pá: dei com a fuça no vidro. Doeu.

Desde então não consigo mais passar pela porta sem colocar a mão na frente. Por mais que eu tenha certeza absoluta de que a porta está aberta, eu estico o braço. Não tem jeito.

Agora há pouco acabei de me obrigar a passar pela porta sem esticar o braço. Realmente, consegui não colocar a mão na frente, mas quando passei encolhi os ombros e dei uma leve fechada nos olhos, assim...como quem espera uma porrada.