terça-feira, 18 de março de 2008

Violin, para os íntimos

Viola chegou em casa há quase 15 anos, quando era uma mistura de cocker com fox paulistinha filhote. Branco e preto, cores do Timão, numa época em que o Viola dava o que falar por lá. Não deu outra na escolha do nome.

Nesses quase 15 anos aconteceu de tudo com o Viola: andou por toda a região provocando os cachorros dos vizinhos (como todo cão pequeno, era metido a besta e arranjava encrenca até com a própria sombra), se meteu em muita briga, foi rasgado várias vezes por dentes maiores do que os que ele podia suportar e aprendeu a se fingir de morto quando o negócio ficava realmente feio. Diante daquele corpo inerte, os cachorros abandonavam a briga e o Viola fugia. Eu mesma, quando o tirei das bocas de dois labradores, um bulldog e um shar-pei (todos meus), achei que estava segurando o Viola morto. Foi só ele perceber que estava a salvo para saltar do meu colo cheio de vida.

Já com mais idade, o Viola desenvolveu sopro, catarata e perdeu todos os dentes. Quando achávamos que era o fim, ele começou a nadar. Saía dar uma volta pela manhã, se jogava na piscina, dava várias patadas (umas três ou quatro piscinas) e voltava para a casinha. Virou um velhinho saudável. E mesmo sem os dentes continuava encrenqueiro.

Há umas duas semanas não passou bem e minha mãe, chorando, o levou para o veterinário, certa de que aquela era uma despedida. Mas o bicho voltou e voltou com tudo.

Na última sexta, não passou bem de novo e voltou para o veterinário. Mas dessa vez não voltou para casa com vida.

Eu confesso que não fiquei nem chateada. O Viola viveu como um cachorro, numa época em que tantos desses bichinhos são humanizados por nós, seres humanos carentes. E tenho certeza de que foi um cachorro feliz, cheio de histórias para contar.

No fundo, é isso que conta. Para eles e para seus donos.

PS: minha mãe decidiu enterrar o Viola em casa, ao lado da Aurora, uma vira-lata que viveu conosco uns 3 anos e que merece não um post, mas um livro só pra ela. Encrenqueiro do jeito que ele era, pedimos pra minha mãe ficar de olho, pois daqui a pouco a terra pode tremer por lá.

Um comentário:

clarita disse...

Lindo, Lu!!
tava já com saudade dos seus posts, li tudo de uma vez!
Obrigada mais uma vez pela visita lá no por favor clarita.
Beijo enorme!!