Fazia tempo que eu não ia pra Sorocaba. Fazia mais tempo ainda que eu não dormia em Sorocaba. Como estou sem o marido, fiquei em Sorocaba, na casa dos meus pais, e dormi no quarto que um dia foi meu de sábado pra domingo e domingo pra segunda.
Meus pais foram de São Paulo para Sorocaba quando eu tinha uns 6 meses, portanto, sou mais sorocabana do que paulistana, apesar de que durante a adolescência eu adoraaaaaava falar que era de São Paulo, capital! Adolescência, né?
Na verdade, acho que eu e minha família passamos a maior parte das nossas vidas na Castelo Branco: Sorocaba-SP-Sorocaba-SP-Sorocaba-SP-Sorocaba....como disse um dia meu dentista: "cêis vão pra São Paulo como se fossem pra hóóórta".
Fui muito feliz em Sorocaba. Meus grandes amigos até hoje são de lá, apesar de não morarem mais na cidade. Mas foi lá que aprendi o que são laços de amizade, ou melhor, nós de amizade!
Estudei no mesmo colégio dos 9 meses de idade até os 14 anos. O colégio era pequeno e todo mundo se conhecia: alunos, pais de alunos, professores e funcionários. A minha sensação era mesmo de uma grande família. Várias professoras foram mesmo minhas confidentes: souberam do primeiro amor, primeiro beijo, primeira dor. Várias me deram conselhos.
O Colégio Véritas me viu chegar de fralda, com uma mãe desesperada por deixar sua única filhinha na escola, acompanhou a chegada e o crescimento dos meus irmãos, e 14 anos depois me viu sair com dor no coração. A maior parte dos meus colegas teve a mesma trajetória.
Vários professores moram até hoje no meu coração: Dona Ângela (Português), Maraísa (História), Hosana (professora da segunda série), Dona Marília (ccordenadora pedagógica), Valéria (Matemática). E tinha também o Leco e a Jane da cantina, que faziam um misto quente inigualável!
Do Véritas fomos todos para o Anglo. Foram, com certeza, os anos mais divertidos da minha vida. Eu não estudei nada de nada nesses 3 anos de colegial, mas que eu me diverti, eu me diverti! Meu lema era seguido à risca: you can always re-take a class, but you can never re-live a party! Algo assim...
Do Anglo, já vim para São Paulo. Tá certo que voltei pra Sorocaba depois, por 5 anos, mas aí eu já estava desvairada, tanto que voltei pra cá.
Nos anos que passei em Sorocaba moramos numa chácara, onde meus pais moram até hoje. Cresci cheia de cachorros, rodeada de verde e de vizinhos queridos, que também estudavam no Véritas e depois no Anglo. Íamos e voltávamos juntos todos os dias. Aliás, estudávamos na mesma escola, tínhamos o mesmo dentista, pediatra etc. Parecíamos um bloco. E eu adorava. Hoje cada um está para um lado, mas sabemos que somos um pedacinho da Vivenda.
Está certo que durante a adolescência eu detestava morar na chácara, porque ninguém passava por lá, ninguém me dava carona e eu achava que nunca iria arranjar um namorado que gostasse de mim o suficiente pra ir até lá me ver.
Por isso, eu passava mais tempo na casa das amigas "na cidade" do que na minha própria casa. E ia a pé de um lado pro outro, rodando a cidade toda. Eram tardes no clube ou na casa de um e de outro. Às vezes nos reuníamos na casa de alguém, em plena tarde de segunda, e quando víamos estávamos lá em 40 pessoas! Ô coisa boa...apesar dos meus pais não concordarem, pois queriam que eu passasse mais tempo estudando.
Nas noites de sábado, íamos para a Boatinha do Ipanema. Hoje fico pensando: devia caber uma 100 pessoas lá! E eram sempre os mesmos, mas todo sábado era aquela ansiedade pra saber quem ia na Boatinha!!! E se alguém não ia, era aquele mistério: pra onde tinha ido? Como ousava não aparecer na Boatinha???
As tardes de domingo eram passadas na La Basque ou na Doceria Ciça. O mesmo povo que estava na Boatinha no sábado estava lá no domingo, mas sempre tinha uma novidade. Sempre tínhamos o que falar e do que rir.
Esse final de semana, enquanto estive lá, lembrei de muita coisa e fiquei feliz por ter tantas histórias felizes na memória, mas hoje, quando cheguei em casa cedinho, antes de ir pro trabalho, tive a sensação de voltar pro meu lugar. Não foi sem um pouco de tristeza que eu percebi que a vida muda, muda mesmo. Muitas vezes sem a gente se dar conta. Muitas vezes, sem mesmo a gente querer.
segunda-feira, 14 de abril de 2008
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Um comentário:
Oi Luciana,
Eu também sou de Sorocaba e moro em São Paulo. Como você estudei também no Véritas e me lembrei do Leco da cantina. Quando eu ia começar o colegial no Anglo me mudei com a família para Campinas, mais tarde de Campinas para São Paulo. Fiquei emocionada quando você citou a Prof.Valéria de Matemática. Será a mesma Valéria dos meus tempos? Pois a Valéria é a professora que ficou na minha memória e por quem tenho uma lembrança muito querida.Eu sou de 64 e meu último ano no Véritas foi em 77. Já faz um tempinho.... Acho que você é de outra geração mas as minhas lembranças se identificaram muito com as suas.
Tenho pensado em voltar a morar em Sorocaba, hoje sou separada e tenho um filho de 7. Será que consigo me adaptar estando há tanto tempo em SP?
Boa sorte na sua vida em Sampa.
Bjs
Maria Luiza
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