Um acontecimento ocorrido na família me fez lembrar de como conheci a Vanessa.
Estudamos juntas no Primeiro Colegial, no Anglo de Sorocaba, mas eu não dava conta da existência das garotas CDFs que sentavam na primeira fila. Eu, que na época me achava uma das bolachas mais gostosas do pacote (ah, como adoro os 30 anos), fazia parte das “populares” que sentavam no fundo e perturbavam o professor e os alunos que queriam assistir aula. Chegávamos ao ponto de jogar “stop” durante a aula, gritando “STOP!” dentro da sala como se estivéssemos num parque aberto. Adolescentes absolutamente insuportáveis.
Com uma conduta dessas, obviamente fiquei em recuperação em quase todas as matérias (as exceções foram Português e Inglês. E sim, fiquei em Educação Física, por falta). No dia em que vi o resultado, parada em frente ao mural no corredor do colégio, bateu o desespero, a vergonha e o arrependimento. Too late, baby...
Voltei para a sala de aula, quase chorando, pensando principalmente no meu pai que iria ficar ao mesmo tempo triste e possesso, quando a Vanessa veio e me entregou um bilhete com seu nome e telefone. Por quê?
Ela havia visto que eu tinha ficado em recuperação em quase todas as matérias e sabia que eu precisaria estudar muito. Como ela já estava de férias, pois tinha passado direto para a próxima série, teria tempo para estudar comigo, se eu quisesse.
Olhei para ela como se estivesse vendo uma vaca voando, e sabe qual foi a outra resposta, ainda mais surpreendente?
- Você não é igual às outras.
Não pude estudar com a Vanessa para os exames, pois meu pai não me deixou pôr o nariz para fora de casa nem pra estudar, mas a partir desse episódio a Vanessa se tornou minha grande amiga, minha melhor amiga, minha soulmate. E como poderia ser diferente, diante do que ela me mostrou com essa atitude? Diante desse amor que ela mostrou por mim, quando eu nem sabia que ela existia e quando eu mesma havia me esquecido de quem eu era na essência?
No próximo dia 21 serão 10 anos sem a sua companhia. Como eu disse para uma tia da Vanessa no que dia em que enterramos seu corpo, perdi uma amiga, mas ganhei um anjo.
Mas pensando bem, Van, você não se tornou meu anjo quando morreu. Você já era meu anjo protetor aqui na Terra.
Isso é ou não é uma benção na minha vida?
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário