terça-feira, 28 de agosto de 2007

Momentos

Se eu tivesse que escolher apenas um momento pelo qual teria valido a pena ter vivido, eu diria que foi meu casamento com o Marcelo. Valeu a pena viver para chegar até ali.

Mas a vida valeu (e vale) também por outros motivos: conhecer a Leticia; ter sido amiga da Vanessa até o momento de sua morte; ter sido namorada do Sérgio até sua morte; ter sido neta do vô Ivo, do vô Alfredo e da vó Cida; ter brincado de guerra de lama com meus vizinhos; ter convivido com inúmeros cachorros; ter tirado a Aurora da rua; ter estudado no Véritas e no Anglo, em Sorocaba; massagem nos pés!; ter enchido tanto a cara com os amigos; ter dormido com o barulho do mar; dançar!; música; ter visto a Mercedes Sosa cantando bem na minha frente; a existência dos escritores e dos cineastas; um bom prato de comida; açúcar!; morangos; banho de cachoeira; a existência da minha afilhada Carolina; o carinho da minha mãe.

Ops...

Trabalhar. Receber um salário. Pagar contas. Trabalhar. Receber um salário. Pagar contas. Estudar para trabalhar mais e receber um salário maior e pagar contas mais altas.

Cumprir com minhas obrigações. O dever primeiro. O lazer depois.

Em que momento deixei esse adulto chato invadir a minha vida? Hein???

sábado, 25 de agosto de 2007

Sobre o que passou...

Eu não precisei da ajuda da minha terapeuta pra perceber que sou uma pessoa necessitada de emoções. Boas ou ruins, tem que ter adrenalina. Um dia sem uma passagem mais emocionante me deixa com uma sensação de não ter vivido. Como diz minha terapeuta, "tudo sempre muuuuuuito intenso, né Luciana?". É.

Essa foi uma semana assim: inteeeeensa. Começou já na segunda: ansiedade, notícia triste, decepção, desânimo, revolta, muito choro. Aula sobre Proust. Discussões sobre Nelson Rodrigues.

Na terça me animei ouvindo Fernando Pessoa na voz de Paulo Autran. É o mais novo CD no player do carro. Ajuda a impedir um homicídio ou suicídio no trânsito da Marginal Pinheiros. Enfim, na terça tentei esconder a tristeza em garrafas de vinho, o que não facilitou o começo da quarta-feira.

Na quarta descobri que deixei uma amiga chateada e fiquei mais triste ainda. Teve aula com o Zé Celso também. E o stress do MBA. Nem preciso dizer que foi mais uma noite sem dormir.

Na quinta a olheira e o mau-humor já diziam tudo. E aquela tristeza da segunda misturada com a da quarta. E madrugada fazendo trabalho em grupo para esse MBA. Sem comer direito. Terceira noite sem dormir.

E sexta mais ansiedade. Dia de apresentar o business plan no MBA. No final deu certo. Sempre dá. Sempre dá? Acho que não.

E no meio disso tudo tinha também que trabalhar o dia todo. E fazer compras para casa, pois não tínhamos mais água e papel higiênico. Sou uma péssima dona-de-casa.

Hoje as emoções se intensificaram. Preciso baixar a adrenalina. Muitas voltas seguidas numa montanha-russa, por mais que a gente goste, nos deixa mal.

Tô parecendo um copo meio cheio (de ansiedade e revolta) meio vazio. Nem ar tem.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Tormenta

Chegou sexta-feira, o que não quer dizer muita coisa. Ainda tenho muito por fazer, inclusive passar por um belo de um vexame no MBA. To hell with it...

Ô semaninha.

Logo volto.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Biografias e Shakespeare

Logo no começo da Casa do Saber, na Mário Ferraz, em São Paulo, eu participei de algumas leituras de poesias e achei a idéia do lugar muito bacana.

O tempo passou, eu parei de ir até lá, de vez em quando olhava os cursos, achava alguns temas muito interessantes, outros apenas interessantes. Mas sempre ficava me perguntando qual seria o nível de qualidade desses cursos. Por que eram tão caros? Seria verdade que a maioria dos alunos era formada por peruas sustentadas por maridos que queriam se sentir inteligentes?

Eis que agora, uma pessoa pouco conhecida, mas já muito querida, me convidou para participar do curso "Biografias, retratos e raízes", com o Pedro Paulo Sena Madureira. Aceitei e na empolgação me matriculei também no Shakespeare, com o Leandro Karnal.

Segunda passada foi meu primeiro dia. O curso: "Biografias". Não foi só bacana, não. Foi muito. Pedro Paulo sabe o que está falando, as pessoas que estavam ali também pareciam saber o que estavam querendo. Todo mundo interessado, querendo ler e aprender muito.

Eu acho um privilégio poder assistir aula com um bom professor. Sentar pra ouvir alguém que estudou muito e quer dividir o conhecimento, pra mim, é extremamente prazeroso. Seja lá qual for o tema. Se o professor for bom mesmo, eu sou capaz de me interessar até por álgebra. E segunda eu senti isso com o Pedro Paulo. Além disso, o ambiente é agradável, as poltronas são confortabilíssimas e há vinho disponível para os alunos no intervalo. Um luxo! rsrs

E eu descobri que sou mais preconceituosa do que imaginava, pois não consegui entender o que a Wanessa Camargo estava fazendo na sala de aula. Ué, se eu estava, por que ela não poderia?

Hoje comecei minha viagem de 8 aulas pelo universo de Shakespeare. A turma não me pareceu tão boa quanto a outra, mas saí animada, querendo ler, ver e ouvir Shakespeare.

O problema disso tudo: minha pilha ao lado da cabeceira vai aumentar consideravelmente.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Pra não dizer que não falei...

Quero escrever sobre o curso que comecei ontem na Casa do Saber, quero escrever sobre o desembargador folgado, sobre o taxista porco, sobre o trânsito da Marginal Pinheiros, mas estou com sono e muita, mas muita dor nas costas. Tô parecendo o Homem descobrindo que podia ficar só sobre os dois pés, naquela posição intermediária, sabe? Péssimo!

Então vou escrever depois....

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

A pergunta que não quer calar

Tenho duas faculdades nas costas, Comunicação (Rádio e TV) e Direito, mas ainda gostaria de fazer:

- Letras (apesar de que descobri uma especialização na PUC/SP que parece ser bem bacana)
- Filosofia
- Economia
- Psicologia
- História

Acho tudo isso hiper bacana e queria estudar a fundo.

Estou terminando um MBA em negócios e trabalho como advogada, o que pretendo continuar fazendo até ficar velhinha, mas no Direito gostaria ainda de:

- fazer um mestrado em Direito Civil
- fazer um doutorado em Direito Civil
- dar aulas

Quanto aos idiomas, gostaria de:

- voltar a estudar inglês
- voltar a estudar francês
- voltar a estudar italiano
- voltar a estudar alemão
- estudar russo
- estudar mandarim
- estudar croata

Projetos pessoais:

- ficar casada com a mesma pessoa até morrer
- ter filhos, muitos filhos
- viajar muito pelo Brasil e pelo mundo, com filhos e sem filhos
- ter um sítio com muitos bichos
- morar numa casa bem bacana pra família
- curtir muito os amigos
- ler todos os livros que tenho e também os que ainda vou comprar

Quanto às artes:

- voltar a dançar flamenco
- voltar a estudar piano ou violão

E esportes:

- voltar a correr
- voltar a fazer yoga (yoga não é esporte, né?)
- fazer dança de salão (nem dança de salão, né?)
- fazer aulas com tecidos em circo (aqueles que te fazem voar pelo picadeiro)

Ah, ter um terreno enooooorme e isolado onde eu possa cuidar de cachorros abandonados e no meio disso tudo, abrir a minha livraria. Mas como ela vai ser, eu conto depois...

E agora pergunto: preciso viver uns 300 anos ou nascer mais umas 5 vezes?

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Tempus fugit...

Andei lendo uns blogs por aí e tá todo mundo ocupado. Eu também. Ocupada com a vida real (o que é muito bom) e com a vida virtual numa p..... de business game no MBA. Tem gente vibrando, mas eu tô achando um saco. Um bando de empresa de mentira com alunos com cargos e funções de mentira tentando mostrar que aprenderam alguma coisa em dois anos. Tudo mentira.

sábado, 4 de agosto de 2007

Um livro por dia

Primeiro achei que se tratava de mais um daqueles livros com listas do tipo "1000 lugares que você tem que conhecer antes de morrer", "1000 filmes obrigatórios para você assistir" e coisas do gênero que mais me deixam frustradas do que qualquer outra coisa.

Então li a sinopse do livro no site da Livraria Cultura:

"As memórias de um jornalista mochileiro no melhor estilo bibliomania. Uma aventura literária na Paris da virada do milênio. Mais do que a fascinante história da livraria mais charmosa do mundo, a Shakespeare and Company, este livro conta, com um humor impagável, o dia-a-dia de seus personagens e a boemia cultural nas ruas. Com pouco dinheiro no bolso, Jeremy Mercer partiu para a França. Um dia aceitou o convite de uma balconista da Shakespeare and Company para uma xícara de chá. Descobriu que poderia dormir e viver na livraria em troca de prestar serviços diários no local. Fazia parte do trabalho ler pelo menos um livro por dia".

Imediatamente quis saber como alguém faria para ler pelo menos um livro por dia.

No começo a história me pareceu tão doida que achei que era pura ficção. Não era. Eu continuava lendo e a parte do "um livro por dia" não chegava. O autor prestava, sim, serviços na Shakespeare & Company em troca de cama e comida e era aconselhado a ler vários livros, mas em momento algum entendi que era parte do trabalho dele ler pelo menos um livro por dia.

Sempre que compro um livro, a primeira coisa que faço antes de começar a ler é ver o título original. Dessa vez demorei, só o fiz quando todas as explicações sobre a livraria e os serviços lá realizados já tinham sido dadas e eu não conseguia entender o título. O original:

"Time was soft there"

Eis que chego à página 207:

"Estávamos em março e eu estava na livraria há mais de um mês, mas era como se o tempo não tivesse passado. Sem o barômetro normal de um dia de trabalho ou uma agenda fixa, a vida se tornava mais fluida. Era difícil ficar a par das horas e dos dias na livraria, pois tudo ia e vinha em ondas prazerosas de noites e manhãs e tardes.

No mundo penal existe a expressão "tempo duro", que se refere a difíceis sentenças de prisão sob segurança máxima ou com algum tipo de custódia protetora. Isso é para os condenados perigosos, os assassinos, os estupradores. O tempo duro passa lenta e dolorosamente e o homem está mais amargo quando acaba sendo devolvido ao mundo.

O outro extremo do espectro eram as instalações de segurança média ou mínima projetadas para reabilitar os criminosos. Nelas há bibliotecas e salas de musculação, turmas de curso secundário e torneios de hóquei. Uma instituição que certa vez visitei tinha uma fazenda por trás do arame farpado, na qual os internos trabalhavam nos campos e produziam frutas, vegetais e ovos para a cadeia. Outra prisão tinha um time de basquete que viajava pela região jogando em uma liga amadora comunitária. Isso era conhecido como tempo leve, que passava mais facilmente, que era um prazer cumprir.

O tempo na livraria Shakespeare & Company era mais leve que qualquer coisa que eu já tinha sentido".

Ah, agora fez sentido com "Time was soft there". Tudo bem que a tradução "O tempo era leve lá" nao fica boa pra edição no Brasil, mas será que não dava pra pensar em nada mais coerente?

PS: certas traduções e legendas de filmes também podem integrar a lista das coisas que me irritam. Assim como erros de português em outdoors, anúncios, placas etc.

Sobrou algo?

De tanto dizer "isso me irrita", resolvi fazer uma lista de coisas, pessoas e situações que mexem com meus nervos:

1) trânsito de São Paulo;
2) motoqueiros nas marginais Pinheiros e Tietê;
3) corredores de ônibus;
4) motorista que estaciona em fila dupla;
5) gente que só vê o lado bom de tudo;
6) gente que só vê o lado ruim de tudo;
7) gente que põe pouca comida no prato;
8) gente que explica tudo muito bem explicadinho;
9) fila ou qualquer outra situação de espera;
10) qualque situação que exija paciência;
11) Marta Suplicy;
12) a voz do Lula;
13) babá cuidando de criança com a mãe ao lado olhando;
14) casal com uma ou duas crianças almoçando fora com a babá;
15) festa de criança repleta de babás;
16) gente que fala devagar;
17) desculpas pra mediocridade;
18) vizinho que toca bateria nas manhãs de sábado;
19) vizinho que ouve pagode nas tardes de domingo;
20) Big Brother;
21) Revista Caras;
22) falta de pontualidade;
23) gente que fala baixo;
24) Shopping Iguatemi em São Paulo.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Ex. E daí?

Depois de um trimestre sabático, voltei a trabalhar como advogada. Em um escritório em que já havia trabalhado por um ano e meio. O motivo da saída não vem ao caso.

Numa das entrevistas que fiz durante esse período sem trabalho, eu comentei que tinha uma proposta de um ex-empregador e o entrevistador disse:

- Você não vai voltar pra ex, vai? Já conhece todos os defeitos, vai insistir?

Saí de lá pensando no "ex". Qual o problema do ex? Você já conhece os defeitos, mas e se descobre que os defeitos dele são suportáveis e você terminou tudo apenas por impulsividade? E se percebe, depois de analisar melhor o mercado, que o ex tinha todas ou quase todas as qualidades que você procura? E se percebe o quanto gostava desse ex, hein? Hein? Qual o problema?

Eu decidi que não tinha problema algum e voltei pro ex. E como é bom trabalhar com gente que não grita. Como é bom trabalhar com gente disposta a trocar idéias e informação. Como é bom não trabalhar com gente com o ego do tamanho do mundo.

É isso. Estou contente.

Só estou mesmo é sentindo falta de passar o dia com os cachorros e não ter de acordar com a porcaria do despertador tocando. Isso é cruel.