domingo, 8 de julho de 2007

Suíça brasileira: show de horror

Ontem foi a abertura do Festival de Inverno de Campos do Jordão e o Marcelo deveria ir até lá trabalhar. Resolvi que iria acompanhá-lo (e relembrar a época em que eu produzia a transmissão ao vivo da abertura pela TV Cultura - e não gostava) e na hora de ir resolvemos levar o Ulisses e a Penélope, nosso casal liiiiindo e queriiiiido de berneses.

Fomos direto para o Auditório Cláudio Santoro, o Ulisses e a Penélope ficaram excitadíssimos com o ambiente diferente e enquanto o Marcelo trabalhava, eu era quase arrastada pelos dois ao redor do auditório. Mas até que eles conseguiram curtir a baixa temperatura de Campos e ficar deitados no gramado frio por um bom tempo.

Depois que a TV Cultura entrou no ar e tudo começou a correr bem, o Marcelo resolveu que queria chocolate e fomos até o centro. Enquanto ele procurava um lugar para estacionar, eu desci e fui até o Montanhês: uma fila ridícula, mas ridícula mesmo, para comprar os chocolates. Foi o que bastou para meu mau-humor vir à tona. Mas continuei lá pelo Marcelo. Pedi quatro ramas de chocolate, dois bombons de marshmallow e um punhado de crocante coberto de chocolate. Minha comanda apontou R$ 45,50! Esperá lá, eu estava comprando só chocolate, e no Montanhês. Fui olhar os preços e descobri que alguns chocolates são vendidos a R$ 300,00 o quilo!!! Larguei tudo lá, bufando de ódio, e fui para o concorrente: comprei muito mais por R$ 30,00.

Na rua, uma visão do inferno: calçadas imundas, com tudo quanto é tipo de papel e comida jogados. As lixeiras transbordavam, não dando conta de receber todo o lixo que aquela multidão produzia. Em qualquer loja ou restaurante havia filas enormes. E o pior de tudo: uma mulherada vestindo casacos de pele de vison, de onça, de tigre, de zebra, de urso. Só faltou a pele de porco, que era o mais apropriado para o local (os porcos que me perdoem pela ofensa). Além do desfile de peles em Campos do Jordão, não dava para agüentar a pose e a falta de educação, pois por alguma razão as pessoas que lá estavam devem achar que passar o inverno em Campos é um programa reservado para poucos privilegiados financeiramente, e como a maioria do ricos (principalmente novos ricos) nesse país, acham que o dinheiro está acima da lei e se dão o direito de fazer o que bem entendem, desde jogar lixo na rua (eles pagam impostos para os garis limparem) até largar o carro no meio da rua (eles têm pressa e não podem ficar rodando à procura de uma vaga).

Todos ali aparentemente se sentiam nos Alpes suíços, só se esquecendo de que os suíços são educados e pensam no coletivo, justamente por serem educados.

Não tive outra alternativa, a não ser sair correndo de lá e prometer que não volto mais para Campos em julho, nem que seja para passar uma horinha.

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