quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Quem quer aprender, aprende

Estava lendo na Folha os sete pecados que os pais cometem ao educar os filhos. O segundo era:

2 Querer ser "o dono" da brincadeira

A cena: Convencido dos benefícios que brincar com o filho traz, o pai se aproxima da criança com uma caixinha de ferramentas. A caixinha é logo transformada em avião, mas o pai quer brincar do "jeito certo", ensinando o filho a encaixar o parafuso de plástico no suporte.

Comentário: O lado meio "mandão" dos adultos é um dos primeiros aspectos apontados pelas especialistas ouvidas pela Folha. "Muitos pais dizem 'vamos jogar bola' sem perguntar ao filho se ele quer mesmo jogar bola", comenta Marilena Flores, presidente da IPA (Internacional Playing Association, no Brasil, Associação pelo Direito de Brincar). O adulto também não precisa encarar a brincadeira como o momento de "ensinar alguma coisa à criança". Alguns jogos, como damas, realmente têm regras, e as crianças precisam de alguém que as mostre como jogar. Mas elas também são capazes de criar suas próprias regras: ao brincar de casinha, por exemplo, podem estabelecer que a girafa é "mãe" do cachorro e que a banheira fica na sala. Dentro do contexto, isso será o "certo" e deverá ser respeitado. Em outros casos, a criança pode tentar montar uma torre, por exemplo, encaixando as peças de um jeito errado -e os pais não precisam ficar corrigindo seus movimentos. "O que é eficaz na brincadeira é o exercício do ensaio e do erro. Se o adulto dirige demais, esperando um resultado, aquilo deixa de ser brincadeira e vira uma relação formal, um exercício didático, que é angustiante para a criança", afirma Gisela Wajskop, diretora do Instituto Superior de Educação de São Paulo/ Singularidades.

O trecho que eu grifei me fez lembrar de uma experiência que tive com minha afilhada, quando ela tinha uns 3 anos. Foi a Carol quem me ensinou que o adulto não deve dirigir uma brincadeira: nós estávamos brincando de construir uma casa com blocos, daí ela quis fazer a escada colocando um bloco em cima do outro, sem fazer os degraus.

A madrinha autoritária na hora disse "não é assim, tem que fazer os degraus", ao que vieram as sábias palavras de uma criança de 3 anos:

"Tia Lu, eu só tenho 3 anos e é assim que eu sei fazer agora. Você não pode querer que eu faça como você".

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