Momento 1:
Nessa semana que passou tirei uma tarde e uma noite para assistir aos filmes O Poderoso Chefão I, II e III. Decidi que gostaria de ler mais sobre a história da máfia e no dia seguinte, quando estou saindo de uma livraria sem ter achado o livro que me motivou a entrar ali, vi piscando para mim um livrão bem grosso: "Cosa Nostra - História da Máfia Siciliana". Eu tinha que levá-lo, mas custava R$ 126,00!!! Como assim, será que parte do preço vai pra máfia?, pensei. Mas eu estava muito influenciada pelo Al Pacino e resolvi comprar o tesouro.
Entrego o livro para o caixa, que passa o leitor de código de barras sobre o livro, e grita:
- Que é isso? Esse livro é carééééééésimo!!!! Que horror!
Eu morri de vergonha, juro, porque ele realmente ficou histérico. E não parou mesmo com outras pessoas nos olhando:
- Isso é um roooooooubo!!!! Como um livro pode custar isso??? Não dá pra acreditar!!! (continuava histérico)
- Viu?, eu disse. Você como funcionário da loja não devia estar dizendo isso e gritando assim, devia?
- Ah, mas não pode. Isso é um roubo.
- Então, mas eu estou permitindo que me roubem. Pára de gritar! Eu quero comprar esse livro.
- Ah, mas depois reclamam que a gente não tem cultura. Como querem que a gente tenha cultura se um livro custa R$ 126,00?
- Existem outros meios mais baratos de se adquirir cultura e livros menos caros também. O preço desse livro, especificamente, não é desculpa pra você não adquirir cultura.
- Ah, mas e os livros da faculdade? Caréééésimos, não dá pra comprar.
- Use a biblioteca, peça emprestado, compre usado. Páre de usar desculpas!
- Ah, mas eu posso comprar, porque graças a Deeeeeus sou funcionário daqui e tenho um descontãããão.
- Bom, então você não devia ficar gritando na frente de um cliente que eles estão me roubando. Ou devia?
Sei lá, só sei que saí rindo com o livro de R$ 126,00 nas mãos.
Momento 2:
Trem do metrô. Dois rapazes bem vestidos, brancos e loiros, daqueles que ninguém se importa de ficar ao lado, só que bêbados. E bebendo mais dentro do trem. Mas eles podem, né? Afinal, nasceram com a cor certa pra isso. Começam a cair em cima das pessoas e a ridicularizar aquelas que resolvem sair de perto. Pela primeira vez eu me dei conta de que não temos para onde correr dentro de um trem em movimento, caso seja preciso.
A próxima estação chega e os dois seres supremos resolvem atirar as latinhas de cerveja vazias para fora do trem, em direção à plataforma. Caíram no chão limpo das nossas estações. Senti um aperto no peito ao ver aquelas latinhas ali e uma vontade enooooorme de arrancar sangue daqueles dois de tanta porrada. Quase perguntei se mais alguém ali não queria me ajudar, mas nessa hora vejo pela janela do trem uma senhora negra, mal vestida, dessas que ninguém quer ficar perto, pegando as latinhas e levando pro lixo. O trem já estava se movendo e eu não pude descer para agradecê-la. Mas passei o dia pensando nela, com muito carinho. Ela me emocionou e me fez esquecer daqueles dois babacas.
domingo, 15 de julho de 2007
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Um comentário:
oi lu!!
tô passando aqui direto, ainda continuo preguiçosa...mas só um comentário: o atendente da livraria era espanhol?? ahahhaah, aqui eles ADORAM fazer esse tipo de comentário, sempre querem dar uma opiniao, sempre querendo dar pitaco...
Beijoca!
Lu.
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