"Os animais, que não fazem nada inútil, não meditam sobre a morte", escreveu Paul Valéry.
Não meditam sobre a morte mas se entendiam, como mostrou Sartre em uma estranha página de O idiota da família. Sartre e seus amigos falavam de um cão em sua presença. O animal, que compreendia ser ele o assunto, "tratava de não compreender aquilo que compreendia". A convivência com o homem, que Sartre chama aqui de cultura, torna-se no animal "pura negação por si mesma da animalidade [...] esta implantação do humano como possibilidade recusada traduz-se por uma fruição: o cão sente-se viver, ele se entendia".
É o que aproximadamente Rivarol já dizia no seu Discurso preliminar do novo dicionário da língua francesa:
"Portanto, são a natureza e os acasos da vida que fornecem indícios aos animais, o que limita muito a espécie e a quantidade. Então, somente o homem pode fornecer-lhes sinais artificiais e variados, apesar de não serem os representantes nem os companheiros naturais do objeto".
"Mas quando chegamos a tal troca com os animais, vem a seguir um inconveniente insuperável: nós os tiramos da sua ordem, sem transportá-los para a nossa; e a grande maioria de nossos sinais exprime necessidades que eles não têm, e idéias que não podem conceber".
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Não pude deixar de pensar nesse trecho do livro "Da dificuldade de ser cão", de Roger Grenier, quando ontem vi um Pet Motel, com a palavra "love" brilhando em neon na janela, uma cama com colchão, espelho no teto em formato de coração e TV de plasma na parede. Nossos queridos cães merecem mais do que isso, não?
segunda-feira, 25 de junho de 2007
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Um comentário:
sim lulu, creo que si!
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