quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Sou brasileira e um dia desisto

Fico sabendo do assassinato de um amigo de uma pessoa que ainda não conheço pessoalmente. Mais uma pessoa de bem (sim, eu acredito em pessoas do bem e em pessoas do mal) morta por uma arma nas mãos erradas, apesar de eu não saber mais se mãos certas seguram armas. Não sei porque não sei mais pra qual lado correr nas ruas desse país.

Tantas pessoas de bem e queridas andando pelas ruas brasileiras na mira de balas que infelizmente não são perdidas, como querem nos fazer acreditar.

O medo da perda me assombra, da perda anti-natural, da perda violenta, da perda injusta, da perda cruel, da perda inaceitável.

Sinto por essas perdas, mas sinto mais ainda pela perda da nossa humanidade, da nossa liberdade, da nossa dignidade. Sinto pela perda da minha brasilidade. Não me interessa o futebol, a caipirinha, a feijoada, o carnaval, as praias e a alegria do povo brasileiro. Nada disso me faz ter orgulho de ser brasileira.

Eu quero é ser uma brasileira sem medo de andar nas ruas e de ficar em casa.

Eu quero é ser uma brasileira sem medo de morar no próprio país.

2 comentários:

Londe D®@gon disse...

Bola de cristal.

Engraçado ter vindo direto nessa postagem, nem sabia que você se referia a morte do meu amigo, até começar a ler. Não tenho vergonha em dizer que choro fácil, isso de maneira nenhuma fere a minha hombridade, por isso digo que chorei... chorei por que vim aqui para agradecer as palavras tão carinhosas que você comentou em meu blog, na quase poesia que fiz (bom se tivesse feito uma pra ele em vida.. detesto homenagens póstumas, apesar de fazer muito isso),então acessei o seu blog e o mouse caiu direto nessa bela postagem. Bela não por que se refere a um fato comum a mim, mas sim por que novamente você se explica de forma sem igual... transparente! Quem dera o resto, e digo resto no sentido de sobre mesmo, dessa humanidade tão desumana (já dizia Renato Russo, né?), fosse assim, transparente, pois o que vejo nas pessoas quando ando pelas ruas é um negror, uma estampa, uma máscara, uma armadura no corpo e na alma... as pessoas andam se escondendo de si mesmas, e as vezes quando se revelam é de uma forma nada boa. Ah, se a minha bola de cristal que me trouxe direto para essa postagem, pudesse ter funcionado antes, talvez meu amigo estivesse vivo, mas como sei que bolas de cristal não funcionam (que pena que não!!), e que isso foi apenas o que chamam de coincidência, eu vou vivendo... ou seria melhor dizer; sobrevivendo?!

Obrigado, minha amiga (é sim, nós já somos amigos!) realmente eu me senti abraçado...

clarita disse...

Querida,
emocionante esse teu post pra mim que saí do brasil há praticamente 12 anos...
Eu nao saí do Brasil por causa da violência. Mas um dos principais motivos que me freiam de voltar é ela.
A falta de LIBERDADE no meu próprio país.

Eu, as vezes, tenho VERGONHA de ser brasileira.

beijos enormes, já chegando a caótica Sao Paulo!